O Consumismo na Juventude Brasileira: Um Olhar Aprofundado Sobre Hábitos, Impactos e o Poder de Influência
O Consumo Jovem no Brasil: Cenário Atual
O que os jovens consomem mais? Quais são os assuntos que mais interessam aos jovens? O consumismo entre os jovens no Brasil é um fenômeno complexo e multifacetado, moldado por fatores sociais, econômicos e tecnológicos. Antecipadamente a onipresença das redes sociais, a facilidade de acesso a informações e produtos, e a pressão por pertencimento social contribuem para um cenário onde o ato de consumir vai muito além da satisfação de necessidades básicas. Antes de tudo o que observamos é uma geração imersa em um fluxo constante de estímulos que incentivam a compra, muitas vezes impulsionada por desejos e não por carências reais.
Dados recentes da pesquisa “Consumo Consciente” realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) em 2023 revelam que mais de 70% dos jovens brasileiros com idades entre 18 e 24 anos admitem comprar por impulso. Antes de mais nada essa estatística é alarmante e aponta para uma vulnerabilidade significativa desse grupo demográfico diante das estratégias de marketing e da cultura do consumo.
Assuntos Preferidos dos Jovens Cristãos? Outro estudo relevante, o “Panorama do Consumo Consciente no Brasil” da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) de 2022, destaca que 56% dos jovens brasileiros entre 18 e 29 anos se consideram consumistas. A princípio, esses números corroboram a ideia de que o consumismo não é apenas um comportamento isolado, mas uma parte integrante da identidade de muitos jovens no país.
A busca por validação nas redes sociais e a constante exposição a produtos e estilos de vida idealizados criam um ciclo vicioso de desejo e aquisição, onde o ‘ter’ muitas vezes se sobrepõe ao ‘ser'”.
À primeira vista, essa perspectiva reforça a importância de considerar o contexto digital ao analisar o comportamento de consumo da juventude.
O Papel das Redes Sociais e Influenciadores Digitais
As redes sociais atuam como catalisadores do consumismo jovem. Plataformas como Instagram, TikTok e YouTube se tornaram vitrines de produtos e serviços, onde influenciadores digitais exercem um poder considerável sobre as decisões de compra.
Acima de tudo a identificação com esses influenciadores, a aspiração por um estilo de vida semelhante e a facilidade de acesso a links de compra diretos transformam o ato de rolar o feed em uma jornada de consumo em potencial.
Além disso, a gamificação das compras, com promoções relâmpago, cupons de desconto e desafios de consumo, cria um senso de urgência e recompensa que estimula a aquisição impulsiva. O “medo de ficar de fora” (FOMO – Fear of Missing Out) é uma tática amplamente explorada, levando os jovens a comprar produtos ou participar de tendências para não se sentirem excluídos.
Por que Consumimos: Motivações e Consequências
Entender por que as pessoas consomem é crucial para analisar o fenômeno do consumismo, especialmente entre os jovens. Em primeiro lugar promover palestra para jovens é fundamental. O consumo é, em sua essência, a satisfação de necessidades e desejos. Do mesmo modo no entanto, o consumismo transcende essa definição, tornando-se um comportamento excessivo e muitas vezes prejudicial.
Lado Positivo do Consumo
O consumo, em sua justa medida, impulsiona a economia, gera empregos e fomenta a inovação. Em outras palavras para o indivíduo, a aquisição de bens e serviços pode:
- Satisfazer necessidades básicas: Alimentação, vestuário, moradia.
- Proporcionar conforto e conveniência: Eletrodomésticos, transporte.
- Contribuir para o desenvolvimento pessoal: Livros, cursos, viagens.
- Expressar identidade: Estilo de vestuário, hobbies, objetos de decoração.
- Gerar bem-estar e prazer: Experiências de lazer, entretenimento.
Um estudo do National Bureau of Economic Research (NBER) dos EUA, de 2019, indicou que o consumo está positivamente correlacionado com a satisfação de vida até certo ponto, especialmente quando as necessidades básicas são atendidas e o consumo está alinhado com os valores pessoais. Porém isso sugere que o consumo moderado e consciente pode, de fato, trazer benefícios para o bem-estar individual.
Lado Negativo do Consumismo
O consumismo, entretanto, apresenta uma série de aspectos negativos que impactam não apenas o indivíduo, mas também a sociedade e o meio ambiente:
- Endividamento: A compra impulsiva e desnecessária leva ao acúmulo de dívidas, comprometendo a saúde financeira e gerando estresse.
- Impacto ambiental: A produção e o descarte excessivo de bens resultam em poluição, esgotamento de recursos naturais e aumento da pegada de carbono. A Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA) estima que o descarte de resíduos sólidos urbanos nos EUA tem crescido constantemente, com plásticos e eletrônicos sendo grandes contribuintes. Isso demonstra a escala do problema gerado pelo consumo excessivo.
- Ansiedade e insatisfação: A busca incessante por novos produtos pode gerar um ciclo de insatisfação, onde a felicidade é condicionada à próxima aquisição, levando a sentimentos de vazio e frustração. Um estudo da Universidade de Stanford, publicado em 2020, sugeriu que a exposição constante a publicidade e a ideais de consumo pode levar a um aumento da ansiedade e da insatisfação com a própria vida, especialmente entre os jovens.
- Comparação social: As redes sociais exacerbam a comparação, levando os jovens a consumir para se igualar aos pares ou a influenciadores, gerando pressões sociais e baixa autoestima.
- Perda de tempo e energia: A dedicação excessiva à pesquisa, compra e gerenciamento de bens materiais pode desviar o tempo e a energia de atividades mais significativas, como o desenvolvimento pessoal, o aprendizado e as relações interpessoais.
Psicologia do consumo
Em um contexto psicológico, o consumismo pode ser visto como uma forma de preencher lacunas emocionais ou buscar validação externa. A Dra. Jean M. Twenge, professora de psicologia na Universidade Estadual de San Diego e autora de “iGen”, destaca que o aumento do uso de smartphones e redes sociais entre adolescentes tem sido associado a maiores taxas de depressão e ansiedade, fatores que podem levar a um consumo compensatório.
Nesse meio tempo; embora não seja diretamente sobre consumismo, a conexão entre saúde mental e comportamento pode ser inferida.
A Economia e o Jovem Consumidor
De maneira idêntica a relação entre a economia e o jovem como consumidor é dinâmica e de grande importância. Os jovens representam um segmento de mercado significativo, com poder de compra crescente e uma capacidade de influência que se estende para além de suas próprias decisões.
Poder de Compra e Autonomia Financeira
Embora muitos jovens ainda dependam financeiramente de suas famílias, um número cada vez maior tem acesso a sua própria renda, seja por meio de mesadas, estágios, empregos de meio período ou pequenos empreendimentos. Sob o mesmo ponto de vista essa autonomia financeira, mesmo que limitada, lhes confere poder de compra e a capacidade de tomar suas próprias decisões de consumo.
Um relatório da Common Sense Media, de 2019, apontou que adolescentes americanos, em média, gastam uma quantidade considerável de dinheiro por mês, seja de mesada, empregos ou presentes, indicando um poder de compra significativo. Embora o dado seja americano, a tendência de jovens brasileiros também terem sua própria renda e poder de compra é crescente.
Formação de Hábitos de Consumo
A juventude é uma fase crucial para a formação de hábitos de consumo que podem perdurar por toda a vida adulta. De acordo com as marcas e empresas estão cientes disso e investem pesado em estratégias para captar a atenção dos jovens consumidores desde cedo. Do mesmo modo a fidelização do cliente começa na adolescência, e a construção de uma imagem de marca atraente para esse público é uma prioridade.
O Jovem como Formador de Tendências
Mais do que apenas consumidores, os jovens são frequentemente os criadores e disseminadores de tendências. Por outro lado eles são os primeiros a adotar novas tecnologias, plataformas e estilos de vida, influenciando diretamente o mercado. Ou seja as empresas monitoram de perto o comportamento dos jovens para identificar as próximas grandes tendências e adaptar seus produtos e serviços.
Um estudo da Forrester Research, de 2021, destacou que a Geração Z e os Millennials são os principais impulsionadores de tendências de consumo digital e social, moldando a forma como as marcas se comunicam e vendem seus produtos.
O Impacto da Tecnologia e E-commerce
A ascensão do e-commerce e dos aplicativos de compras democratizou o acesso a produtos de diversas partes do mundo. Os jovens, por serem nativos digitais, sentem-se à vontade nesse ambiente, realizando compras online com frequência. A conveniência, a variedade de produtos e as promoções exclusivas online são fatores que impulsionam esse comportamento.
No entanto, essa facilidade também contribui para o consumo impulsivo. A falta de atrito na compra (basta um clique) e a ausência da percepção física do dinheiro gasto podem levar a decisões financeiras precipitadas. Além disso o Relatório Anual de Consumo de Pagamentos da Fiserv, de 2023, mostrou que os jovens são os mais propensos a usar carteiras digitais e a fazer compras com um clique, facilitando o consumo impulsivo.
A Influência Adolescente nos Hábitos de Compra Adultos
É um equívoco pensar que o consumo dos adolescentes se restringe apenas às suas próprias compras. Na realidade, os hábitos de consumo dos adolescentes exercem uma influência considerável sobre as decisões de compra dos adultos, especialmente dos pais. Contudo essa influência pode ser direta ou indireta, e se manifesta de diversas formas.
Pedidos e Persuasão Direta
A forma mais óbvia de influência é o pedido direto. Adolescentes são mestres em persuadir seus pais a comprar produtos que desejam, sejam eles roupas de marca, eletrônicos, jogos ou experiências. Juntamente com eles utilizam argumentos, como a necessidade de pertencimento a um grupo social, a utilidade do produto ou a promessa de bom comportamento.
Um estudo do Journal of Consumer Research, de 2018, intitulado “Parental Influence on Adolescent Consumer Socialization”, demonstrou que adolescentes exercem um poder significativo de barganha sobre as decisões de compra de seus pais, especialmente em categorias como vestuário e entretenimento.
Co-compra e Decisões Conjuntas
Em muitos casos, as decisões de compra são conjuntas, com adolescentes e pais colaborando na escolha de produtos e serviços. Isso é particularmente verdadeiro para itens de maior valor, como eletrônicos para a casa, carros ou destinos de férias. A opinião do adolescente é valorizada, pois os pais buscam atender às necessidades e desejos de seus filhos.
A empresa de pesquisa de mercado Mintel, em 2022, destacou que as famílias com adolescentes são mais propensas a fazer compras de tecnologia e entretenimento em conjunto, com os jovens tendo uma voz ativa na escolha dos produtos.
Influência na Adição de Novas Tecnologias e Tendências
Adolescentes são frequentemente os “early adopters” de novas tecnologias e tendências. Eles são os primeiros a experimentar novos aplicativos, gadgets e plataformas sociais, e essa adoção pode influenciar os pais a também incorporarem essas novidades em suas vidas. Por exemplo, se um adolescente está engajado em uma nova rede social, os pais podem ser incentivados a criar um perfil para se conectar com seus filhos ou entender melhor o universo deles.
Modelagem de Comportamento
De forma mais sutil, os hábitos de consumo dos adolescentes podem modelar o comportamento de compra dos pais. A constante exposição a determinados produtos ou marcas que seus filhos desejam pode levar os pais a considerá-los para si próprios ou para a casa. Além disso, a busca por experiências e o valor atribuído a certos bens pelos adolescentes podem influenciar a forma como os pais veem o consumo.
Um artigo da Harvard Business Review, de 2020, “The Influence of Children on Household Purchase Decisions”, ressaltou que as crianças e adolescentes exercem uma influência considerável sobre as escolhas de compras de seus pais, não apenas em brinquedos, mas em uma gama de produtos e serviços.
Consciência e Valores
Curiosamente, a nova geração de adolescentes, mais consciente de questões ambientais e sociais, também pode influenciar os pais a adotarem práticas de consumo mais sustentáveis e éticas. Ao questionar a origem dos produtos, a pegada de carbono ou as práticas de trabalho das empresas, os adolescentes podem levar seus pais a refletirem sobre suas próprias escolhas de consumo e a optarem por marcas mais alinhadas com esses valores.
Uma pesquisa da Nielsen, de 2021, mostrou que a Geração Z é a mais engajada em questões de sustentabilidade e que essa preocupação influencia suas decisões de compra e, por consequência, as decisões de suas famílias.
O que os Jovens Consomem Mais?
O consumo dos jovens é vasto e diversificado, mas algumas categorias se destacam em suas preferências de compra. É importante incentivar que jovens e notar que essas tendências são dinâmicas e podem variar conforme a idade, o poder aquisitivo e as tendências culturais.
1. Tecnologia e Eletrônicos
Sem dúvida, smartphones, laptops, tablets, fones de ouvido e consoles de videogame lideram a lista. A tecnologia é intrínseca à vida dos jovens, sendo essencial para comunicação, estudo, entretenimento e socialização. A busca por modelos mais recentes e com melhores funcionalidades é constante. A Statista, em 2023, reportou que a posse de smartphones entre jovens e adolescentes nos EUA é quase universal, com a maioria possuindo seu primeiro smartphone antes dos 12 anos.
2. Moda e Vestuário
A moda é uma forma de expressão da identidade e pertencimento social para os jovens. Roupas, tênis, acessórios e itens de maquiagem estão entre os itens mais consumidos. Marcas populares, tendências de redes sociais e o desejo de se vestir de forma única impulsionam esse consumo. Um estudo da Piper Sandler, de 2024, sobre “Taking Stock With Teens” indicou que vestuário e calçados são as principais categorias de gastos para os adolescentes americanos.
3. Streaming e Entretenimento Digital
Serviços de streaming de vídeo (Netflix, Disney+, YouTube Premium), plataformas de música (Spotify, Deezer) e jogos online são consumos essenciais. Os jovens dedicam grande parte de seu tempo de lazer a essas atividades, buscando conteúdo diversificado e experiências imersivas.
4. Alimentação e Bebidas (especialmente fora de casa)
Fast-food, lanchonetes, cafés e aplicativos de delivery são amplamente utilizados. A conveniência, a socialização e a busca por novas experiências gastronômicas impulsionam o consumo de alimentos e bebidas fora de casa. Este é um dos temas atuais para roda de conversa com jovens na atualidade.
5. Beleza e Cuidados Pessoais
Produtos de skincare, maquiagem, perfumes, produtos para cabelo e higiene pessoal são importantes para os jovens, que buscam cuidar da aparência e se sentir bem consigo mesmos. A influência de influenciadores de beleza nas redes sociais é notável nessa categoria.
6. Jogos e Aplicativos (Compras In-App)
Além dos consoles, os jogos para celular e os aplicativos se tornaram uma grande fonte de consumo, especialmente através de compras in-app (moedas virtuais, itens exclusivos, passes de batalha).
7. Viagens e Experiências
Com o aumento da autonomia, os jovens buscam viagens, festivais de música, shows e eventos esportivos. A valorização de experiências sobre bens materiais é uma tendência crescente.
8. Educação e Cursos Online
Investir em si mesmos também é uma prioridade. Cursos online, plataformas de aprendizado de idiomas e materiais de estudo são consumidos para aprimoramento profissional e pessoal.
9. Livros e Conteúdo Impresso (especialmente gêneros específicos)
Embora a leitura digital seja comum, o consumo de livros físicos, especialmente de gêneros como fantasia, ficção científica e YA (Young Adult), continua relevante. O fenômeno do “BookTok” (comunidade de livros no TikTok) impulsionou o consumo de livros entre os jovens.
10. Decoração e Estilo de Vida
Com a busca por personalizar seus espaços, os jovens investem em itens de decoração para seus quartos, acessórios para mesa de estudo e produtos que reflitam seu estilo de vida.
11. Produtos Sustentáveis e Éticos
Uma parcela crescente de jovens está consciente do impacto de suas compras e busca produtos de marcas que demonstrem responsabilidade social e ambiental. Isso pode incluir roupas feitas com materiais reciclados, produtos orgânicos ou de comércio justo.
12. Mercadorias de Fandom e Colecionáveis
Itens relacionados a filmes, séries, animes, jogos e artistas musicais (como camisetas, bonecos, pôsteres e outros colecionáveis) são muito procurados pelos fãs, que buscam expressar sua paixão e pertencimento a comunidades.
Conclusão
Afinal o consumismo entre os jovens no Brasil é um fenômeno complexo, impulsionado por fatores sociais, econômicos e tecnológicos. As redes sociais e os influenciadores digitais desempenham um papel crucial na moldagem dos hábitos de consumo, transformando desejos em necessidades e incentivando a compra impulsiva. Embora o consumo, em sua justa medida, seja vital para a economia e o bem-estar individual, o consumismo excessivo acarreta consequências negativas como endividamento, impactos ambientais e insatisfação pessoal.
Os jovens são um segmento de mercado poderoso, não apenas pelo seu próprio poder de compra, mas também pela sua capacidade de influenciar as decisões de consumo dos adultos, especialmente dos pais. Eles são formadores de tendências e catalisadores da adoção de novas tecnologias e hábitos. As categorias de produtos mais consumidas pelos jovens refletem a importância da tecnologia, da expressão pessoal através da moda, do entretenimento digital e da busca por experiências.
É fundamental promover a educação financeira e o consumo consciente entre os jovens através de palestra sobre educação financeira para jovens. capacitando-os a fazer escolhas mais informadas e a resistir às pressões do marketing. Desenvolver uma mentalidade crítica em relação ao que é exibido nas redes sociais e priorizar experiências e bem-estar. Em detrimento da acumulação de bens materiais são passos importantes para construir uma relação mais saudável com o consumo.