Quais são as principais plataformas digitais onde ocorre o cyberbullying?

Descubra Onde ocorrem casos de Cyberbullying? Redes sociais, Apps de mensagens, Foruns e Jogos online

Quais são as principais plataformas digitais onde ocorre o cyberbullying? O cyberbullying caracteriza-se por atos reiterados de assédio e humilhação através de tecnologias digitais, envolvendo desde mensagens privadas até publicações em larga escala.

Estudo aponta Instagram e Facebook são as Plataformas com Mais Casos de Bullying Digital. Antes de mais nada, trata-se de um fenômeno que ultrapassa o ambiente escolar e perpassa famílias, comunidades e redes globais de comunicação. Além disso, a percepção de impunidade e o sentimento de anonimato na internet incentivam a escalada dessas condutas, aumentando os riscos para a saúde mental de crianças e adolescentes.

Segundo dados da UNESCO, mais de 30% dos estudantes em todo o mundo já sofreram bullying escolar e pelo menos 10% relatam ter sido vítimas de cyberbullying em algum momento de suas vidas.

Sobre tudo, no Brasil, a recente Lei nº 14.811/2024 tipificou tais práticas como crime de bullying virtual, com pena de reclusão de 2 a 4 anos e multa, demonstrando o esforço legislativo para coibir esses ataques em ambientes virtuais.

Quais são as principais plataformas digitais onde ocorre o cyberbullying?

Classificação e Documentação Clínica

A Classificação Internacional de Doenças (CID-11) atribui ao cyberbullying o código XE4P2, dedicado ao “contexto de assédio, intimidação ou bullying” em ambientes físicos e virtuais, o que padroniza o registro clínico de vítimas em todo o mundo. Já na CID-10-CM, o histórico de abuso psicológico pode ser documentado sob o código Z62.811, utilizado quando há relato de violência reiterada sem agressão presente no momento.

Sob o mesmo ponto de vista, essa padronização é fundamental para que psicólogos, psiquiatras e demais profissionais de saúde mental acompanhem e planejem intervenções adequadas, considerando as possíveis consequências de longo prazo, como transtorno de estresse pós-traumático, fobias sociais e crises de pânico.

Panorama Global do Cyberbullying

Prevalência Mundial

A Organização Mundial da Saúde (OMS) registrou que, entre 2018 e 2022, o percentual de adolescentes que relatam ter sido vítimas de cyberbullying. O número de casos aumentou de 12% para 16% nas meninas e de 12% para 15% nos meninos, evidenciando um crescimento consistente das denúncias em diferentes continentes.

De maneira complementar, o Anti-Bullying Alliance do Reino Unido aponta que 17,9% dos jovens de 11 a 15 anos relataram episódios de assédio virtual. Isso nos dois meses anteriores à pesquisa, destacando que as plataformas digitais, especialmente aquelas baseadas em interação rápida, são amplamente utilizadas como veículos de agressão.

Principais Plataformas Internacionais

Levantamento da Security.org indicou que o YouTube lidera como plataforma com maior índice de cyberbullying (79%), seguido por Snapchat (69%), TikTok (64%) e Facebook (49%). Essa prevalência decorre do grande volume de comentários públicos e transmissões ao vivo, nos quais mensagens ofensivas podem viralizar em questão de minutos. Essencial o desenvolvimento de interações como palestras sobre bullying e cyberbullyng nas escolas.

Já o Cyberbullying Research Center, após analisar múltiplos estudos, constatou que cerca de 30% dos adolescentes globalmente vivenciaram pelo menos um episódio de cyberbullying em algum momento, e 13% nos 30 dias anteriores à pesquisa. Para além das redes sociais, ambientes de fórum e compartilhamento de arquivos também aparecem como vetores significativos de hostilidade.

Contexto Brasileiro

Prevalência e Acesso

De acordo com o TIC Kids Online Brasil 2023, 88% de crianças e adolescentes de 9 a 17 anos acessam plataformas de vídeo online, 78% utilizam o WhatsApp, 66% o Instagram, 63% o TikTok e 41% o Facebook regularmente. Em termos de frequência, 70% afirmam acessar o WhatsApp diariamente, sendo 53% várias vezes ao dia, o que amplia significativamente as janelas de exposição a possíveis ataques virtuais.

Cerca de 29% dos jovens brasileiros relataram experiência de mensagens ofensivas ou humilhação online; destes, apenas 31% conversaram com os responsáveis, 29% com amigos e 13% não compartilharam a situação com ninguém. Esses números revelam lacunas na comunicação familiar e na busca de ajuda, fatores críticos para intervenções eficazes.

Plataformas Mais Impactadas no Brasil

O WhatsApp, por ser amplamente utilizado em grupos familiares e escolares, aparece com frequência em denúncias de cyberbullying, especialmente por mensagens anônimas, criação de grupos de exclusão e divulgação de áudios ou imagens sem consentimento. Ao mesmo tempo, redes como Instagram e TikTok concentram casos de comentários mal-intencionados em publicações, pois as funcionalidades de “repost” e “dueto” podem disseminar conteúdos negativos a um público muito maior.

Plataformas de streaming e jogos online, como Discord e Twitch, e títulos como Fortnite e League of Legends, também são citados em relatos de xingamentos, exclusão de jogadores e difusão de boatos em chats ao vivo. A descentralização dessas interações dificulta a moderação, mas torna-se imprescindível para conter abusos em tempo real.

Bullying Escolar

Impactos na Saúde Mental e Comportamento

Efeitos Psicológicos nas Vítimas

Vítimas de cyberbullying apresentam taxas até 35% maiores de ansiedade e depressão quando comparadas a pares não expostos, segundo estudos longitudinais. Além disso, observa-se aumento nos sintomas de estresse pós-traumático, crises de pânico e desenvolvimento de fobia social, sobretudo quando o assédio ocorre em múltiplas plataformas simultaneamente.

Dados da VerywellHealth indicam que 25% das crianças de 13 a 15 anos enfrentam bullying escolar e cyberbullying anualmente, e 6,2% admitem já terem praticado tais comportamentos. Essas estatísticas evidenciam um ciclo de repetição de papéis de vítima e agressor, mostrando a urgência de intervenções que envolvam conscientização, suporte psicológico e responsabilização.

Perfil e Motivações dos Agresssores

Estudos do Cyberbullying Research Center apontam que cerca de 15% dos adolescentes reconhecem ter praticado cyberbullying ao menos uma vez. Ainda sim a desinibição propiciada pela tela e a busca por aprovação social são apontadas como fatores que motivam comportamentos hostis, alimentados por algoritmos de engajamento que privilegiam reações extremas.

Bullying e Cyberbullying

Comentários de Especialistas

Tamar Mendelson, professora da Johns Hopkins University, destaca que “o impacto do cyberbullying varia conforme padrões de uso e substituição de atividades sociais presenciais por interação online”. Para ela, é crucial entender o contexto digital de cada jovem antes de planejar estratégias de mitigação.

No Brasil, Luísa Adib, coordenadora da TIC Kids Online Brasil, alerta:

“a ausência de moderação eficaz expõe crianças a conteúdos agressivos.”

Já Renata Mielli, do CGI.br, ressalta a importância de políticas públicas que incentivem o registro e a análise de denúncias. Esta estratégia visa orientar ações de prevenção e suporte às vítimas.

Legislação e Políticas Públicas

A Lei nº 14.811/2024 tornou crime o bullying e o cyberbullying, prevendo reclusão de 2 a 4 anos e multa. Contudo complementarmente, diversos estados nos EUA já inseriram normas específicas em códigos de conduta escolar, embora não exista lei federal única.

A UNESCO recomenda a implementação de programas de educação midiática, empatia digital e capacitação de professores como pilares de políticas públicas de prevenção. Essas ações envolvem treinamento em sala de aula, workshops para pais e campanhas de conscientização em massa.

Ferramentas e Tecnologias de Moderação

Provedores de serviço têm investido em inteligência artificial para detectar linguagem abusiva e sinais precoces de assédio. Algoritmos de aprendizado de máquina analisam padrões de discurso, frequência de repetições e relatórios de usuários, sinalizando automaticamente contas suspeitas para revisão humana.

Do mesmo modo, plataformas como SaferNet Brasil oferecem canais de denúncia e orientações jurídicas, enquanto iniciativas privadas colaboram com ONGs e órgãos governamentais para criar bancos de dados de termos ofensivos e treinar moderadores.

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Medidas de Prevenção e Recomendações

Para Famílias e Educadores

  • Estabelecer diálogo aberto sobre segurança digital, esclarecendo riscos e consequências do cyberbullying.
  • Monitorar o tempo de tela e as atividades online, utilizando ferramentas de controle parental sem invadir a privacidade.
  • Ensinar habilidades de pensamento crítico, para que jovens avaliem fontes e conteúdos antes de compartilhar.
  • Incentivar práticas de empatia digital, promovendo exercícios de role-play em sala de aula para vivenciar perspectivas alheias.
  • Fomentar momentos de desconexão, como “dias sem tela”, para reforçar vínculos familiares e reduzir dependência de algoritmos.

Para Plataformas Digitais

  • Integrar IA e moderação humana para identificação rápida de comportamentos abusivos.
  • Simplificar fluxos de denúncia, garantindo respostas em até 24 horas e transparência sobre providências adotadas.
  • Oferecer recursos de bloqueio e filtragem customizáveis, com tutoriais acessíveis ao público jovem.
  • Realizar auditorias periódicas de eficácia das políticas de moderação e divulgar relatórios de transparência.
  • Colaborar com entidades de saúde mental, disponibilizando conteúdos de apoio e links diretos para linhas de prevenção ao suicídio e atendimento psicológico.

Conclusão

Em síntese, redes sociais como YouTube, Snapchat, TikTok e Facebook, aplicativos de mensagens como WhatsApp. E ambientes de jogos online constituem os principais vetores de cyberbullying em escala global e no Brasil. Dados epidemiológicos, classificações clínicas e medidas legislativas oferecem um panorama amplo, mas exigem integração de esforços para mitigar o fenômeno.

Afinal, somente com políticas integradas  envolvendo governos, provedores de serviço, escolas, famílias e saúde mental. E com ferramentas tecnológicas eficazes, será possível reduzir a incidência de cyberbullying e proteger a saúde emocional das futuras gerações. É imperativo que cada ator assuma sua responsabilidade, promovendo ambientes digitais mais seguros e acolhedores.